Capela do Baruel |
As Ruas do Comércio
Não
praticamos mais
Aquela
antiga comunidade
Nosso
comércio vira franquia
Vira
loja de rede
O
balconista não sabe seu gosto
O
gerente já não tem nome
Conheci
outra Glicério
Era
outra a Benjamin
Em
que cumprimentava a todos
Da
mercearia Olímpia
À
loja do seu Michel
Do
outro lado da rua
Ao
lado do bilhar do Ticão
Ou
quem sabe seguisse
De
uma conversa na gráfica Hanna
À
Padaria Soberana
Para
um café no balcão
Ali
próxima ao Cine Saci
Seguir
da Farmácia do Seu Agenor
A
ver os lançamentos da loja do Fahim
Ir
do armazém do Varejão
À
sapataria do Castro
E
outros tantos que já se foram
Hoje
está diferente
Visualmente
poluída dizem alguns
Muito
mais cheia de gente
Tanta
cor e ousadia
Ninguém
sabe quem é quem
Não
há mais fiado em confiança
Nem
caderninho de compras
Ficou
tão impessoal
Pois
a vida muda valores
Tudo
isso é tão normal
Muda
tudo mudei eu
Empalideci
meus cabelos
Ao
ver o que já não sou
Mas
que guardo dentro em mim
Doces
Valsa Brasileira
(À Praça dos
Expedicionários há 40 anos)
A gente lá na pracinha
Hoje em dia já não tem
Crianças cantando roda
Verde e flores e sorrisos
A gente se descobrindo
Velhos conversando a vida
As mães discutindo os pares
Coreto e banda e marchinha
Agente se entreolhando
Nossa sorte e o realejo
Algodão-doce do Zé
Carrocinha de sorvete
A gente se amando baixo
Um pinguinho de tristeza
Tudo isso e mais ainda
Hoje em dia já não tem
Tem umas luzes tão frias
Umas cores de ninguém
Fotografia
“Tive ouro,
tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma
fotografia na parede.
Mas como dói!”
Carlos Drummond de Andrade
Ao Povo Mirambava
Nunca tive uma daquelas
fotografias
como
o Drummond
Nunca
tive uma Itabira
mas
quanta falta me fazia
E
a mim como ao Poeta
também
como doía
Um
dia
encontrei
a vila
e
a ela me dediquei
Não
me deu ela ouro
tampouco
me deu gado
nenhuma
fazenda me deu
Deu-me
um jeito de olhar o mundo
Deu-me
aquela terna saudade
cada
vez que dela saia
Deu-me
um olhar orgulhoso
de
saber de onde eu vinha
A
cidadezinha cresceu
Cresceu
mais dentro de mim
Vesti-me
de funcionário
Criei
parentes
Criei
amigos
Criei
meus filhos
Criei
irmãos
Que
bom será
se
não tiver mais que partir
Só
de pensar
dá
uma dor besta no peito
e
um embaraço na vista
que
chega assim
de
repente
História
de Suzano
Suami
Paula de Azevedo é autor dos primeiros livros sobre a História de Suzano (“Suzano – Estrada Real: Roteiro
Emocionado da Minha Cidade” (1994); “O Povo Mirambava” (1997) e “Retratos de
Suzano” (2000), tendo contribuído diretamente, com prefácios e outros, ou
indiretamente, com entrevistas, para todas as publicações impressas ou virtuais
sobre a cidade de Suzano.
Um
Tantinho de História
A criança aprende a história do mundo
a partir da sua própria história, da sua família, do seu bairro, da sua cidade.
Assim ela aprende a ler o mundo. É o que cria a noção de pertencimento, de ser
de algum lugar, ter vínculos com sua gente. Em Suzano podemos desenvolver isso,
mas muito precisa, e pode, ser feito.
Retomemos alguns
pontos da formação suzanense.
O início da
colonização da Capitania é após a fundação da Vila de São Vicente, em 1532. De
lá se sobe ao planalto, onde se estabelece o Colégio dos Jesuítas, na Vila de
São Paulo, em 1554.
Dali
vai explorar o interior, buscar pedras ou metais preciosos, aprisionar índios
para o trabalho escravo, ou simplesmente para alargar os domínios da Coroa
Portuguesa, ou tudo junto. De São Paulo descem ou sobem o rio Anhembi, antigo
nome do Rio Tietê. Mas só temos registro em 1609 que concede sesmaria a um tal
Rodrigues, de área que corresponde a grande parte do território do atual
município de Suzano.
Em
fins de 1600 uma jazida de ouro foi descoberta próxima ao rio Taiaçupeba, que
será das maiores da Capitania, recebendo nomeação de autoridades para o seu
controle. Nessa época a região já era bem trilhada, saindo de São Paulo passa
ali uma Estrada Real que busca chegar, especialmente, às Minas Gerais.
Nos primeiros anos de
1700 já se encontra uma Vila em franco desenvolvimento na região. Ali é erguida
uma capela em honra de Nossa Senhora da Piedade. A Vila será dominada por um
grande senhor, Antonio Francisco Baruel,
que daria seu nome ao local, marco inicial da formação histórica da atual
Suzano.
Em
meados do século XIX, Baruel já contava com treze casas comerciais, não era um
local tão modesto. Tanto que a 28 de março de 1870 foi criada uma escola junto
à capela do local, com “uma cadeira de primeiras letras para o sexo masculino”.
A data é hoje o Dia da Educação de Suzano. A gente da Vila do Baruel aguarda a
chegada da Estrada de Ferro. Infelizmente, a história altera o sonho do povo
dali. A Ferrovia toma outro percurso para o Rio de Janeiro.
Isso
altera a linha de desenvolvimento do nosso território. A linha férrea vai
cortar os rios Guaió e Taiaçupeba, bem próximo à margem esquerda do Rio Tietê.
E justamente a meio caminho entre esses dois rios será erguida uma pequena
parada para a troca de lenha da locomotiva, que será chamada de Parada Piedade,
em 1875, em respeito à Padroeira do Baruel.
O
jovem contramestre da Ferrovia, Antonio Marques Figueira, lidera proposta de
estabelecer um núcleo urbano junto à parada de trem. Conta com o apoio de
senhores locais, João Romariz, que projeta o arruamento, dono das terras da
hoje Vila Amorim, Guilherme Boucalt e Francisco Pinheiro Fróez, dono das
fazendas Boa Vista e Revista, que muitos anos depois darão nomes aos bairros
onde se localizavam.
O
arruamento, denominado Vila da Concórdia,
é aprovado em 11 de dezembro de 1890, graças ao apoio dos maçons na capital da
nova República, recém proclamada, Rio de Janeiro. Eles dão nome às ruas do
Centro Histórico. A antiga vila do Baruel reduz sua expressão.
No
início do século XX (1900) o povo do local, ainda chamado Guaió, solicitou ao engenheiro da Ferrovia, em Mogi das Cruzes,
Joaquim Augusto Suzano Brandão, que erguesse uma estação de alvenaria, a
antiga, de madeira, apodrecia. Ele autoriza. Reconhecido, o povo propõe que a
estação seja denominada Suzano, o
que ocorre em 1907. Em 1908 o local será assim denominado, oficialmente.
Suzano
torna-se distrito em 1919. E sua autonomia de Mogi das Cruzes só se efetiva por
Lei Estadual a 24 de dezembro de 1948. E a 2 de
abril de 1949, enfim, a Cidade dá posse a seus primeiros Vereadores e
Prefeito eleitos. Data essa que se realiza como a da comemoração do aniversário
de Suzano.
Quem aqui está
estabelecido tem de saber a base de nossa formação, só preserva quem ama e só
ama quem sabe.
Suzano Estrada Real
Gosto da história de Suzano. Já tenho um livro seu.
ResponderExcluirMuito bom
Obrigado
Evandro